O QUADRO

Era um quadro opaco e distante; de pouca luminosidade.
Retratava uma vida que muito fizera, embora pouco soubesse.
Estava sob a mesma moldura há muito tempo; estava sob o mesmo aspecto desde sempre.
Passava o rosto envelhecido... mais pelo trabalho e pelo sol de que pelo próprio tempo.
Encontrava-se junto ao pó dos anos que houveram sustentado aquela história.
Mas, mesmo com o tempo passado, o quadro ainda representava a realidade de uma vida, de um povo...

SAUDADES

Saudades... quem não sente?
Saudades da velha casa, da infância, ou daquela torta de chocolate que a vovó fazia.
Saudades das festas, dos amigos, de um antigo namorado, do colégio.
Saudades também do dente que caiu, do sorriso que não foi dado, da oportunidade que foi perdida, do gesto que, por um ou outro motivo, foi esquecido...
Saudades de uma época que não mais volta, de um instante que foi tão marcante ou inigualável.
Saudades nem sempre significa algo ruim.
Se há saudades é porque coisas boas nos ocorreram, mas nem sempre elas podem continuar em nossas vidas e se perdem.
Se perdem no tempo mas são achadas na memória e no coração, através de uma simples saudade...